quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ex-diretor diz que parte da propina da Petrobras atendia a PT, PMDB e PP

Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em regime domiciliar no Rio, afirmou na quarta-feira (8) que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal era direcionada para atender ao PT, ao PMDB e ao PP.
O G1 obteve o áudio no qual Costa destaca ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, que a diretoria de Serviços da petroleira, na época em que era comandada por Renato Duque, cobrava 3% de propina sobre os contratos da área. Deste montante, ressaltou o ex-dirigente, dois terços abasteciam os cofres do PT.
O G1 entrou em contato com o Partido dos Trabalhadores, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido retorno.

Segundo o ex-diretor de Abastecimento, Renato Duque e Nestor Cerveró (ex-diretor da área internacional) participavam do suposto esquema de pagamento de propina montado na petroleira, do qual ele próprio se beneficiava.

Paulo Roberto Costa também destacou que o antigo colega da diretoria de Serviços havia sido indicado para o alto cargo pelo ex-ministro José Dirceu, condenado no processo do mensalão por corrupção ativa. Ainda de acordo com ele, o ex-diretor da área internacional foi indicado pelo PMDB.

"Olha, em relação à Diretoria de Serviços [comandada por Renato Duque], todos sabiam que 2%, dos 3% [cobrados de propina], eram para atender ao PT. Através da Diretoria de Serviços. Outras diretorias, como Gás e Energia e Exploração e Produção, também eram PT", declarou Costa à Justiça Federal.
Em nota enviada ao G1, o advogado de Renato Duque, Alexandre Lopes de Oliveira, afirmou desconhecer o teor dos "inúmeros" depoimentos prestados por Paulo Roberto Costa. Ele disse que, caso o ex-diretor da Petrobras venha a acusar seu cliente por qualquer prática ilícita, ele "será responsabilizado no campo cível e criminal".



Segundo Oliveira, Renato Duque, que trabalhou por mais de 30 anos na Petrobras, "sempre pautou sua atuação na empresa pela correção e não admitirá injurias, difamações e calúnias em detrimento de sua honra."

"O patrimônio adquirido pelo sr. Renato Duque está devidamente declarado à Receita Federal e lastreado em anos e anos de trabalho", completa o comunicado da defesa de Duque.
O G1 também tentou contato com o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Do G1

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