quarta-feira, 25 de junho de 2014

Brasil multicultural: Em Parintins(AM) tem festa do Boi Garantido e Boi Caprichoso

Divulgação/Boi Garantido e Boi Caprichoso
As cores são apenas duas: o vermelho garantido e o azul caprichoso. Em compensação, a festa é o que tem de sobra durante os três dias do Festival de Parintins. A celebração é considerada uma das maiores do País, sendo comparada ao Carnaval do Rio e SP e ao São João de Campina Grande (PB).

No último fim de semana do mês de junho, a cidade amazonense recebe milhares de pessoas para festejar durante três noites as alegorias e temas regionais, como as culturas indígena e ribeirinha. O coração da celebração é o bumbódromo, onde as maiores agremiações do boi bumbá se reúnem para apresentar ao público suas alegorias e encenações, puxadas por toadas musicais.


O Boi Garantido é representado pela cor vermelha, e o Boi Caprichoso pela cor azul. As agremiações se apresentam uma de cada vez durante cerca de duas horas e meia. Neste período, a história mítica do boi que renasce é contada de maneira intercalada com as toadas. Tudo é acompanhado por uma bateria composta por centenas de músicos.

A mitologia em torno do boi bumbá remete à uma história da época da escravidão sobre a morte de um boi e a sua posterior ressurreição. Um fato curioso é que o boi não é um animal típico da região, e este mito teria sido levado para este pedaço do Brasil por migrantes do nordeste, culminando na mistura entre as crenças e histórias.

No final das apresentações, uma das associações é sagrada a vencedora. A participação da torcida de cada boi também é julgada e levada em conta no final.

A celebração ocorre desde 1965, e passou a ganhar projeção nacional na década de 1980. Embora o marco seja o embate entre os dois bois, durante a celebração, outras quadrilhas também se apresentam pela cidade, como a Campineiro.

Embora possa parecer estranho, a polarização entre as agremiações do Boi Garantido e o Boi Caprichoso não geram briga. São muito respeitosas entre si. Inclusive, enquanto uma se apresenta no bumbódromo, a torcida da outra não pode se manifestar.

Mas de onde vem esta tradição que já dura cem anos? Segundo os organizadores, ambas tem origem próximas e foram originadas em promessas feitas pelos seus fundadores em momentos de doenças. Após se curaram, criaram os bois de pano como maneira de agradecer as graças alcançadas.

Marcas na testa e cores distinguem os bois Garantido e CaprichosoMontagem R7/Divulgação Boi Garantido e Boi Caprichoso
O nome do Boi Caprichoso surgiu devido ao capricho do seu criador e fundador, o nordestino Roque Cid. A agremiação sai às ruas de Parintins desde 20 de outubro de 1913, e se concentra nos bairros de Palmares e Francesa. Suas cores são o branco e o azul, e seu boi tem uma estrela de cinco pontas na testa.

O Boi Garantido foi criado em 1913 na Baixa do São José, uma vila de pescadores. O criador da associação, o caboclo Lindolfo Monteverde morreu em 1979. A cor típica deste boi é o vermelho e branco, e o seu boi possui um coração na testa.

O apogeu da comemoração foi na década de 1980, quando inovações foram inseridas, tornando o festival mais renomado ampliando seu conhecimento.

Neste ano ocorre o 49º festival na cidade. Até agora, o boi Garantido já obteve 27 vitórias e um empate com o boi Caprichoso, que, por sua vez, obteve 19 vitórias. Em 1982, o boi Caprichoso não participou da celebração, por discordar do julgamento do ano anterior. Em seu lugar, o boi Campineiro desfilou no bumbódromo, ficando em segundo lugar.

Neste ano, a festa ocorre nos dias 27, 28 e 29 de junho, e contará com transmissão ao vivo do Portal R7. Veja abaixo o cronograma:

Sexta 27 — Das 22h às 4h

Sábado 28 — Das 21h às 3h

Domingo 29 — Das 21h às 3h

Parintins 

Flickr/JorgeLuiizz
A cidade está localizada no Amazonas, na região da divisa com o Pará. A cerca de 370 km da capital Manaus, sua população é de cerca de 100 mil habitantes, e para chegar até lá, só de barco ou avião.

Na época do festival folclórico do boi bumbá, a cidade conta com um aumento no número de voos diários, mas as passagens esgotam-se rápido, devido à grande busca dos turistas. Uma das principais recomendações é chegar uma semana antes a Manaus e viajar de barco até Parintins.

O artesanato regional e indígena também são atrações à parte. Em geral, as peças são confeccionadas com raízes de árvores, palha, juta e outros materiais naturais. O uso de sementes e penas é mais comum nas peças produzidas pelos índios. Como não poderia faltar, sempre as lembranças do festival estão presentes, como as miniaturas do boi.

Entre os pontos turísticos de Parintins, destacam-se a Catedral Nossa Senhora do Carmo, projetada na Itália, que conta com uma torre de 40 metros de altura. É considerada a torre mais alta da cidade.

A Vila Amazônica fica a 20 minutos de barco de Parintins. A região é tradicional pelo cultivo da juta.


Portal R7

Nenhum comentário:

Postar um comentário